AVALIAÇÃO DE RISCO AMBIENTAL DE FÁRMACOS

Resumo: 

Os fármacos são inseridos no ambiente aquático após sua excreção pelos pacientes podendo persistir no meio em função de sua difícil remoção em estações de tratamento de esgoto. No Brasil, o problema é agravado porque a maioria dos serviços de saúde não realiza tratamento prévio em seus efluentes, lançando-os diretamente na rede de águas residuárias e o país conta com baixa cobertura de coleta e tratamento de esgotos. A melhoria dos indicadores de saneamento e do acesso aos serviços de saúde faz parte dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, entretanto, uma das consequências do desenvolvimento econômico e social é o aumento da inserção de poluentes no ambiente como, por exemplo, os fármacos. Os objetivos do estudo são a contextualização do impacto dos medicamentos sobre o ambiente aquático no âmbito dos ODS, a avaliação preliminar do risco ambiental de fármacos oncológicos em um município brasileiro seguindo o disposto numa diretriz internacional, a adequação destas normas à realidade brasileira e a ordenação de municípios pelo potencial de inserção de fármacos no ambiente aquático. Foram utilizadas informações de atividades socioeconômicas, demográficas e de saneamento, além do consumo, ecotoxicologia e propriedades físico-químicas de fármacos. Os resultados indicaram que os fármacos constituem uma classe de poluentes emergentes que comprometem o alcance dos ODS. Dos vinte fármacos avaliados, dez apresentam possibilidade de remoção pelo tratamento de esgoto, demonstrando que o saneamento é importante para mitigar seus efeitos sobre o ambiente. O estudo propõe ainda uma metodologia alternativa e simplificada, adaptada à realidade brasileira, para a avaliação do risco ambiental de fármacos no país. A estimativa preliminar do potencial de contaminação do ambiente aquático por fármacos oncológicos em 142 municípios brasileiros mostrou que os municípios menos populosos com baixos índices de tratamento de esgoto e cujos serviços de saúde realizam mais procedimentos de quimioterapia antineoplásica têm maior possibilidade de contaminação de seus recursos hídricos por resíduos destes fármacos. 

PALAVRAS-CHAVE: Ambiente; Avaliação de Risco Ambiental; Fármacos; Sustentabilidade

 

Data da defesa: 
quinta-feira, 5 Dezembro, 2019 - 14:00